poema sem vida







poema sem vida



de repente as escadas da tua sombra

e eu lavado dos teus olhos sumiste

ante o anoitecer

chovia fevereiro nas minhas mãos

e o infinito por embalar. e tu longe

sobre o azul salgado

a neve sobre o frio verde

na casa branca da Barrela o mistério da pedra. negra

a solidão do cão de guarda. amado ser de outra ilha

a madrugada. e caem os lábios por entre nuvens de fogo e semente

a sede que afaga outra filha

repatriado destino

partimos para cada um

sem o corpo do adeus até chegarmos

morrer é dar de cantigas ao amanhecer

no fundo do rádio sem pilhas

e assim te canto por todos os cantos até ser dia



Sidónio Bettencourt in Já não vem ninguém, 2010



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