Vitorino Nemésio


Fala do Malmequer



Malmequer às vezes digo

Ao Romeu, por arrelia,

Que, de resto, eu sou amigo

Da verdade, crua e fria.



Ama-o, -sei; porque é comigo

Que a Julieta cicia

Confidências, num abrigo

De Silêncio e Fidalguia.



E, quando ela me procura,

Diz assim minha brancura:

Bem-me-quer (seja! a contento!)



E o estame ao ver o escabelo

Das pét’las, só, amarelo,

Não acredita, escarnento.



Vitorino Nemésio


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