62 ANOS DO FALECIMENTO DE TOMÁS DE BORBA

Bem cedo, pela manhã do dia 23 de Novembro do ano de 1867, nascia em Angra, na Rua do Galo, na casa que actualmente tem o número 129, aquele que viria a ser, entre tantos outros, uma personalidade importante da cultura açoriana, tendo-se distinguido como professor, compositor, pedagogo e crítico musical.

As actividades musicais que desenvolveu, e pelas quais se distinguiu ao longo da sua vida de oitenta e três anos, iniciaram-se pela aprendizagem da música na escola de canto da Sé Catedral de Angra durante os anos oitenta do séc. XIX, ao mesmo tempo que desenvolvia os seus estudos na área das Letras, da Filosofia e da Teologia no Seminário Episcopal de Angra do Heroísmo ao tempo instalado no Convento de S. Francisco desta cidade.

Frequentou o referido seminário entre os anos de 1880/81 e 1887/88, tendo recebido ordens sacerdotais em 1890 e celebrado a sua primeira missa na Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Angra do Heroísmo, santuário onde tinha sido baptizado nos idos de 11 de Janeiro de 1868.

Pouco tempo depois, em 1891, partiu para Lisboa a fim de frequentar o então Conservatório Real onde teve como professores ilustres mestres, entre os quais o compositor jorgense Francisco de Lacerda, curso que concluiu em 1894 e 1895 de forma brilhante. De forma semelhante ao seu percurso estudantil angrense, também na capital frequentou, paralelamente aos estudos musicais, o Curso Superior de Letras.

Da sua produtiva actividade como compositor – que iniciou ainda na fase angrense dos seus estudos em composições de recorte experimental – elevou-se a um nível de excelência após finalizar os estudos do Conservatório com a apresentação na Igreja dos Mártires de uma missa para solistas, coro e orquestra, a que assistiu a família real, e foi considerada obra de envergadura pelo maestro Frederico de Freitas, qualidade igualmente reconhecida ao “Te Deum”, obra esta composta para a comemoração do quarto centenário da descoberta do caminho marítimo para a Índia de 1898.

Com longa actividade docente leccionou no Conservatório Nacional, nos Liceus Maria Pia e da Lapa e ainda na Escola Normal Primária de Lisboa. Entregou-se também a funções de direcção artística e integrou o Conselho Superior de Instrução Pública em representação do ensino da música. Durante os longos anos de leccionação primou pela reconhecida acção pedagógica e por metodologias inovadoras respeitantes ao ensino da música e publicou livros que serviram de elementos essenciais à educação musical de algumas gerações de jovens.

Com a proximidade da idade de reforma, foi Tomás de Borba largamente homenageado em reconhecimento das suas qualidades profissionais e excepcionais qualidades humanas. Numa homenagem de despedida que lhe foi prestada no Conservatório Nacional, O Diário de Notícias de 24 de Novembro de 1937 relatava que, “com os seus cabelos brancos beethovianos, a sua doce maneira de sorrir e de perdoar, bom para com todos…” lhe tinha sido feita sentida e reconhecida homenagem.

Tendo visto a luz do mundo ainda o dia começava naquela manhã de 23 de Novembro dos idos de 1867, pelas sete horas, passados oitenta e três anos, quando chegava o fim do dia 12 de Fevereiro de 1950, pelas dezoito horas e trinta, decerto já com um crepúsculo acentuado, partia da existência terrena o Padre Tomás de Borba.

Lembrar Tomás de Borba é trazer à consciência o Homem de cultura e o cidadão exemplar para que da memória colectiva não se olvidem tais exemplos.

[Os aspectos biográficos aqui resumidos, tiveram como referência a obra de Duarte Rosa, com o título Tomás Borba]

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