Os livros da minha vida, por Gabriela Pimentel


      Pediram-me “escreve um texto sobre o livro da tua vida” . Resisti. Aconcheguei-me na preguiça de quem, apesar de trabalhar as palavras todos os dias, parece já ter esquecido de como pô-las "bonitas" em texto. Resisti. Também por não gostar muito de me expor, por ser muito “bicho do meu casulo”.
Mas, durante a interrupção letiva de natal, o pedido voltou a ecoar-me na cabeça, naquele remorso que mói de quem sabe que não fez o que devia. Senti-me subitamente impelida para uma página em branco. Não sei se foi o facto de ser natal e de por isso o tempo parecer mais longo, mais repousado, se pela paz reencontrada na família novamente reunida. Sei que todos estes ingredientes me envolveram como que num terno abraço aconchegante. E senti-me duplamente “abraçada” pois ao comprar, um destes dias, o último livro de José Luís Peixoto, intitulado Abraço, constatei ter entre mãos um daqueles livros que se colam à pele, ao coração e aos neurónios, um livro de que apetece falar, escrever. Talvez pelo tom confessional que o percorre ao falar de família, de sentimentos, talvez por nos transportar a tempos de infância e de juventude nos quais nos revemos, talvez, sobretudo, pela forma como o seu autor nos faz entrar no que de mais intimamente nos embala a alma e instiga à vida.
      Esta é uma daquelas leituras que nos deixa marca, que ora nos faz sorrir, ora nos deixa com aquele embargo na garganta, porque, sub-repticiamente, damos por nós a vestir a pele do protagonista, sentindo as suas vivências como nossas.
      Apesar disso, não considero que seja este “o livro da minha vida”, porque prefiro acreditar que muitos outros a preencherão, tal como aconteceu no passado. Felizmente, tive a sorte de, ainda antes de saber ler, me poder apaixonar pelas magníficas gravuras que ilustravam os maravilhosos contos de Andersen e dos irmãos Grimm. Foram elas que me levaram a querer descobrir o sentido das palavras que as acompanhavam.
Hoje, já “entradota”, quando olho para trás, vêem-me à memória  muitos títulos, muitas obras que me apanharam em fases distintas da minha vida, desde as intrépidas aventuras que sempre acabavam bem dos famosos Cinco, à lamechice melada dos romances cor-de-rosa (que ironicamente pertenciam à chamada coleção azul), à intemporal consistência dos clássicos (desde que não fossem  leitura obrigatória), passando pela ironia mordaz do nosso Nobel…  muitas foram as razões que motivaram para a leitura, porém  a melhor será sempre o simples prazer de ler.

Gabriela Pimentel, professora de Português





BOAS FESTAS!



A equipa da biblioteca deseja a todos os seus utilizadores e leitores deste blogue um feliz Natal e um próspero ano novo.

Novas regras!

Infelizmente, todos os anos, há muitos livros que se extraviam, por os utentes da biblioteca não os devolverem. Apesar de todos os esforços que têm sido feitos para os recuperar, muitos continuam desaparecidos.
Para combater esta situação, e para preservar o espólio da biblioteca, decidiu-se, com a aprovação do Conselho Pedagógico, aplicar sansões a quem não entregar os livros dentro dos prazos. Assim, quem não respeitar as datas de entrega de livros, ou outro material requisitado, pagará os seguintes valores:

       5 euros - atrasos de um mês
       10 euros - atrasos de dois meses

Os livros da biblioteca são de todos nós. Vamos preservá-los!

                                Imagem retirada daqui.

Livros novos!

Acabámos de receber quatro novos títulos:





Recebemos, ainda, mais um exemplar deste dicionário de Inglês.

Dirige-te à biblioteca e procura-os. Boas leituras!

O livro da minha vida, por Elsa Sousa



O livro da minha vida? Confesso que tive a tentação de quebrar o que me foi proposto e falar sobre vários livros, pois sempre representaram bons momentos de uma deliciosa ausência e de um crescimento pessoal, independentemente do seu género e da idade com que os li. O universo literário torna a escolha de um só livro... impiedosa! Felizmente!!
Escolho a estória de WutheringHeights, de Emily Bronte. Não por ter sido até hoje o livro que mais me impressionou, mas por me ter introduzido numa literatura profunda, apaixonante, capaz de mexer com o meu estado de espírito e, por consequência, a capacidade e o interesse pela leitura futura de outras magníficas obras.
Imaginem o estado de espírito de uma jovem com 17 anos, cuja adolescência se assemelhava, do seu ponto de vista, a um calvário de injustiças e inseguranças e que, pela primeira vez, folheia com perplexidade e crescente curiosidade uma narrativa de cenário obscuro situado na Inglaterra, numa casa sombria, habitada por uma família que abriga um menino cigano, de origem duvidosa, portanto. É ele, Heathcliff, personagem principal, que, tornado adulto, desencadeia o desenrolar tumultuoso de acontecimentos gerados pela obsessão sentimental que nutre por Catherine, uma bela jovem que conhece desde a sua infância como irmã adotiva e de quem se torna inseparável.
A fatalidade nesta estória é inevitável, mas para chegar até ela, o leitor mergulha num universo poderoso do inesperado, de introspeção, de dúvida, paixão, dor e até de constante contradição e inquietude – mais presente no nosso espírito do que gostaríamos de admitir.
Será talvez interessante referir que Emily Bronte, ainda muito jovem,revela, nesta obra, o que os críticos consideram, uma maturidade e uma mestria na escrita invulgares, apenas reconhecidas anos após a sua morte.
Recomendo a sua leitura, pois é, sem dúvida, uma das obras mais marcantes do Romantismo no seu melhor.

Elsa Sousa, Professora de Inglês e Coordenadora do Departamento de Línguas

Chegaram mais livros!

Olá.
Acabaram de chegar mais livros à nossa biblioteca. Entre as novidades, podes encontrar as seguintes obras:












Mais um ano letivo! Boas leituras...


Porque ler torna a nossa vida mais colorida, mais alegre, mais interessante. Ao ler um livro, eu sou quem quiser e viajo por todo o lado! Posso ser um vilão, uma princesa, um pássaro, o sol, o vento...Posso conhecer o mundo ou outros mundos, reais e imaginários! Então vive, sonha, lê! Votos  de um excelente ano letivo!




Bom trabalho e boas leituras!!! São os votos da equipa da Biblioteca!

CHEGARAM NOVIDADES!!!

A bibioteca da tua escola acabou de receber novidades para todas as idades.
Eis alguns exemplos:
















Se quiseres conhecer mais, vem até à biblioteca!

FEIRA DE TROCAS

                                                                                              Imagem retirada de http://www.auditorium.org.br/

A equipa da Biblioteca, com a colaboração da Associação de Estudantes, está a promover uma “Feira de Trocas”, a decorrer no dia 29/04/2011, durante todo o dia, na Videoteca.


Neste âmbito, pede-se à comunidade escolar que reúna livros (excepto manuais escolares), DVD’s, CD’s e jogos, que poderão ser trocados por outros itens, no referido dia.

Aproveitem a oportunidade de levar algo “novo” para casa.

Chegaram mais livros!

Chegaram livros novos à biblioteca da tua escola!
Há para todos os gostos: poesia, livros infantis, livros sobre ciência, sobre o Novo Acordo Ortográfico...




Se queres conhecer as novidades, visita este espaço e pede para consultares as novidades.

Os Livros da Minha Vida, por Dulce Andrade, professora de Inglês

A surpresa do convite para a escrita deste texto encontrou-se, face a face, com esta realização: a de que seria perto de impossível escolher O Livro da Minha Vida. Depois de tornar comum esta minha preocupação, que foi prontamente aquietada, organizei as ideias que aqui partilho.


Deixando fora desta conversa a fase do Livro em Branco, e esse sim, plasmou muitos momentos da minha vida, percorri as minhas estantes, e caixotes, e mesa de cabeceira, e quase desanimei, tal foi a quantidade e riqueza de livros que revisitei. Questionei-me: “É possível ter saudades dos livros?” A resposta parece-me óbvia, agora que penso nisso. Se não vejamos: em miúda, quando lia As Aventuras dos Cinco, The Famous Five originalmente, de Enid Blyton, mal podia esperar pela próxima aventura… conhecia cada um dos cinco aventureiros como se fossem meus vizinhos… Esta ligação ainda se mantém! De muitos livros que li, muitos são as personagens às quais regresso, mais cedo ou mais tarde. Vou precisar este afeto com um exemplo que poderá ser complexo, porém, perfeito. Um dos livros que vive muito perto de mim foi escrito pela britânica Virginia Woolf e tem por título Orlando, que constitui, também, o nome da personagem que é, afinal, mais do que uma personagem. A escrita é maravilhosa, tendo como cenário vários séculos, através dos quais Mr. Orlando ou Lady Orlando se movem. Confuso? Verão que é brilhante! Trata-se de um romance que gerou controvérsia no momento de publicação - 1928 - e, se possível, devem lê-lo no original, ou seja, em inglês.

Do autor Haruki Murakami, aprecio, de modo particular, todas as histórias que li, por nelas encontrar uma riqueza imaginária insuperável, a meu ver, em termos de personagens. Podendo parecer contraditório, a voz que se ouve em muitas das suas histórias parece a mesma. Fica o convite para descobrirem como este aparente paradoxo é possível em histórias como Kafka à Beira-Mar, Crónica de um Pássaro de Corda e Em Busca do Carneiro Selvagem.

Valter Hugo Mãe, José Luís Peixoto, Gonçalo M. Tavares, João Tordo são escritores portugueses que leio com a frequência com que escrevem sobre a condição humana, radiografando as nossas ambições e desilusões com a preocupação de quem escreve para semear, no leitor, a consciência daquilo que somos e podemos vir a ser.

Crónica de uma Morte Anunciada ou Ninguém Escreve ao General são contos de Gabriel Garcia Marquez que, entre contos de outros escritores precedentes da América Latina, marcaram quem eu sou. As personagens de Gabriel Garcia Marquez transportam consigo a complexidade do ser humano, nas suas contradições, nas falhas de comunicação, mais poderosas que o entendimento em si, no abandono, no sacrifício a favor do próximo, merecendo, por isso, a nossa atenção. Se o dia a dia não nos dá a oportunidade de reconhecer, nos outros, o que faz de nós humanos, essa descoberta pode ser ensaiada nas personagens dos Livros.

Como já devem ter dado conta, a minha paixão recai sobre o dom que o escritor tem sobre o papel, não tanto sobre este ou aquele livro, se bem que para um leitor apaixonado, tudo pode acontecer.

O Livro é paciente pelo que espera pelo leitor os dias, meses, anos que entendermos necessários, até que as nossas mãos e coração os acolham e se dê início à fabulosa viagem que, podendo ser interrompida quando necessário, não tem destino certo e guarda, seguramente, ensinamentos preciosos, ainda que não percetíveis no imediato.

Por tudo o que escrevi aconselho: Acolham um livro. Um qualquer. Com imagens. Com letras a perder de vista. Com cinquenta páginas. Com vários volumes… em formato tradicional… em suporte digital… em português… com vinhetas… em prosa… com rima…