Paralelamente
ouço setembro no fundo das tardes e
o ódio violento dos garotos
a atirarem pedras aos cães
por entre a monotonia das varandas
com flores artificiais compradas
aos apregoadores de quinquilharias
na quinta-feira de s. vapor.
os homens traziam o ritmo
da viagem mumificada nos rostos de cera.
os iates (das ilhas)
largavam manhã dentro pela alta
geografia semeada de brumas e ciclones.
no fundo das avenidas explode
o movimento das camionetas e
o batuque das passadas
enroladas no espasmo dos casacos
a acordarem o romance dos casais
deitados contra camélias brancas.
a tarde flutua no fundo
dos esgotos (como um cão estatelado
no tapete das agências) e adormece
paralelamente no instinto dos homens.
José Henrique Borges Martins in Por dentro das viagens, Angra do Heroísmo, 1973
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