O Baile da Biblioteca


O Baile da Biblioteca

Há quem considere o simples ato de ler algo monótono e enfadonho. Todavia, ler é ir mais além quando nos entrosamos na subjetividade dos vocábulos e viajamos ao sabor do discurso, seja ele de uma narrador autodiegético (em que o protagonista é quem conta a história), heterodiegético (narração feita na terceira pessoa) ou homodiegético (narração realizada por uma personagem secundária, por exemplo).

As vivências e emoções disparam na alma e nos sentidos de quem lê como se de um baile de palavras se tratasse. Bailar adquire aqui um sentido conotativo ainda maior se falarmos do Baile da Biblioteca, de Rui Veloso, Jorge Palma, João Gil e Tim (Grupo “Cabeças no Ar”). Esta é uma excelente música, cuja letra remete para a ideia de que ler é “bailarmos” com as personagens, com os autores e narradores que de muito sui generis se nos apresentam nas inúmeras prateleiras das estantes de bibliotecas à espera que lhes peguemos e com eles “dancemos”.

Escuta, então, a seguinte música e que esta interpretação te sirva de mola impulsionadora para mais uma profícua leitura.


Baile da Biblioteca
Cabeças no Ar

Sou o vosso professor
E sei de um baile de gala
Que se dá todas as noites
Nas estantes da tua sala

Olha Ulisses o Argonauta
A dançar com o mar à proa
Aquele é o senhor Fernando
A dançar com a sua Pessoa

Olha o mestre Gil Vicente
Entre a rainha e o bobo
E aquele à frente é o Aleixo
É o poeta do povo

É o baile, é o baile, é o baile
É o baile, é o baile, é o baile
É o baile, é o baile, é o baile, é o baile
Da biblioteca

Sai o Zorro de rompante
Numa lombada de couro
A declarar ser migrante
Para a ilha do tesouro

Ao piano o Conde d'Abranhos
Não dá sinais de abrandar
É preciso o sol nascer
Para o baile acabar

Como se anda Dom Quixote
Largando da mão a lança
Vamos dormir criaturas
Que amanhã também se dança

É o baile, é o baile, é o baile
É o baile, é o baile, é o baile
É o baile, é o baile, é o baile, é o baile
Da biblioteca.

 

A Quinta-feira dos Pássaros





A Quinta-feira dos Pássaros, da autoria de Paulo Assim (nome artístico de Paulo Carreira), é um livro que retrata, através de um miúdo de 11 anos de idade, a realidade social de uma típica família simples e pobre de Portugal que viveu os tempos que antecederam o 25 de abril.
Em 2009, o romance foi galardoado com o Prémio Gaspar Fructuoso, distinção instituída pela Câmara Municipal da Ribeira Grande.
O autor, Paulo Carreira, nasceu em 1965, em Porto de Mós, e reside atualmente na Batalha.
Uma vez que Portugal comemora 40 anos de LIBERDADE, não poderíamos deixar de sugerir a leitura desta obra para registar vivências difíceis vividas num tempo não menos fácil que era o de antes de 25 de abril; contudo relatadas de um modo sui generis e muito divertido, deixando o leitor muito bem-humorado.
 Nicolau, a personagem principal, é um rapaz que tinha noção de que a mãe era vítima de maus tratos. O rapaz, como é óbvio, não gostava do pai (bebia e batia na mãe). A avó realizava muitas tarefas duras apesar da idade e vestia sempre preto (“parecia um corvo”). Entre outros tópicos abordados, há a referir a atitude retrógrada dos habitantes de “Algures” por recriminarem a forma como Emília (emigrante - tia da Preciosa) se vestia.
O facto de a narrativa apresentar dois narradores, um heterodiegético e outro autodiegético, tornam a obra ainda mais interessante.
Liberdade, Democracia, Violência Doméstica, Primeiro amor, Preconceito… são várias das temáticas exploradas neste livro. Leiam-no! Vão ver que vão gostar…