sinais dos tempos
ele é como a nuvem do nascente
que transporta a água
e o vento
não quis revelar a sua face aos
tecnocratas e banqueiros
nunca se sentou na cadeira do papa
nem foi rei ou presidente
de nenhuma nação
não quis habitar em palácios
e templos
edificados pelas mãos dos homens
nem tentou apreciar o incenso
e a fama
das lautas mesas
(era aguardado como um pato
ou animal doméstico)
julgaram que não usasse o chicote
da sua ira para açoitar
os vendilhões
das crenças e direitos humanos
andou por toda a parte e falou manso
e claro
como a água das nascentes
(mas nem os próprios amigos
o entenderam)
nunca vendeu
o corpo e a alma por um prato dourado
de lentilhas.
J. H. Borges Martins in nas
barbas de deus,
edições salamandra, 1999
Sem comentários:
Enviar um comentário