O mar da minha vida não tem longes.
É tudo água só! E o horizonte
Funde-se no céu. Por sobre a ponte
Marcha, sinistra, a procissão dos monges.
Velas acesas, opas, ladainha,
E o rio deslizando para o mar…
E vêm as raparigas à tardinha,
Buscar a água à fonte, sem cantar.
Ermida branca no monte,
Nossa Senhora da Paz…
Peregrino voltei sem ser ouvido.
Rasguei meus pés pelo caminho ido.
Ai, a calma de tudo quanto jaz
No frio esquecimento! Sobre a ponte,
A procissão caminha. Sob o arco,
Singrou, sereno, um barco
A caminho do mar…
Ó perdida visão da minha Ânsia!
Vejo-me só, na lúgubre distância,
Cadáver dos meus sonhos a boiar…
Armando Côrtes-Rodrigues in Antologia de Poemas
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