Autobiografia
Nasci numa família de
camponeses sem terra, em Azinhaga, uma pequena povoação situada na província do
Ribatejo, (…). Meus pais chamavam-se José de Sousa e Maria da Piedade. José de Sousa teria sido também o meu nome
se o funcionário do Registo Civil, por sua própria iniciativa, não lhe tivesse
acrescentado a alcunha por que a família de meu pai era conhecida na aldeia:
Saramago.
|
Saramago em criança |
Fui
bom aluno na escola primária: na segunda classe já escrevia sem erros de
ortografia, e a terceira e quarta classe foram feitas em um só ano.
Transitei depois para o liceu, onde permaneci dois anos, com notas excelentes
no primeiro, bastante menos boas no segundo, mas estimado por colegas e
professores, ao ponto de ser eleito (tinha então 12 anos…) tesoureiro da
associação académica…
Como não tinha livros em
casa (livros meus, comprados por mim, ainda que com dinheiro emprestado por um
amigo, só os pude ter aos 19 anos), foram os livros escolares de Português,
pelo seu carácter “antológico”, que me abriram as portas para a fruição
literária: ainda hoje posso recitar poesias aprendidas naquela época distante.
Em
consequência da censura exercida pelo Governo português sobre o romance O
Evangelho segundo Jesus Cristo (1991), vetando a sua apresentação ao Prémio
Literário Europeu sob pretexto de que o livro era ofensivo para os católicos,
transferimos, minha mulher e eu, em fevereiro de 1993, a nossa residência para
a ilha de Lanzarote, no arquipélago de Canárias.
Em
consequência da atribuição do Prémio Nobel a minha actividade pública viu-se
incrementada. Viajei pelos cinco continentes, oferecendo conferências,
recebendo graus académicos, participando em reuniões e congressos, tanto de
carácter literário como social e político, mas, sobretudo, participei em acções
reivindicativas da dignificação dos seres humanos e do cumprimento da
Declaração dos Direitos Humanos pela consecução de uma sociedade mais justa,
onde a pessoa seja prioridade absoluta, e não o comércio ou as lutas por um
poder hegemónico, sempre destrutivas.
|
José Saramago discursando na Academia Sueca (1998) |
Curiosidade: José Saramago esclarece que “(...) saramago é uma planta herbácea espontânea, cujas folhas, naqueles tempos, em épocas de
carência, serviam como alimento na cozinha dos pobres”.
|
Saramagos / Raphanus raphanistrum / Crucífera / Brassicáceas |
Bibliografia
Romances
Terra
do Pecado, 1947
Manual
de Pintura e Caligrafia, 1977
Levantado
do Chão, 1980
Memorial
do Convento, 1982
O
Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984
A
Jangada de Pedra, 1986
História
do Cerco de Lisboa, 1989
O
Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1991
Ensaio
Sobre a Cegueira, 1995
Todos
os Nomes, 1997
A
Caverna, 2000
O
Homem Duplicado, 2002
Ensaio
Sobre a Lucidez, 2004
As
Intermitências da Morte, 2005
A
Viagem do Elefante, 2008
Caim,
2009
Clarabóia,
2011
Alabardas,
Alabardas, Espingardas, Espingardas, 2014
Crónicas
Deste
Mundo e do Outro, 1971
A
Bagagem do Viajante, 1973
As
Opiniões que o DL Teve, 1974
Os
Apontamentos, 1977
Peças teatrais
A
Noite, 1979
Que
Farei com Este Livro?, 1980
A
Segunda Vida de Francisco de Assis, 1987
In
Nomine Dei, 1993
Don
Giovanni ou O Dissoluto Absolvido, 2005
Contos
Objecto
Quase, 1978
Poética
dos Cinco Sentidos - O Ouvido, 1979
O
Conto da Ilha Desconhecida, 1997
Poesia
Os
Poemas Possíveis, 1966
Provavelmente
Alegria, 1970
O
Ano de 1993, 1975
Diário e Memórias
Cadernos
de Lanzarote (I-V), 1994
As
Pequenas Memórias, 2006
Infantil
A
Maior Flor do Mundo, 2001
O
Silêncio da Água, 2011
Viagens
Viagem
a Portugal, 1983
A Equipa Dinamizadora da Biblioteca