António
Dacosta (António da Costa), poeta, crítico de arte e pintor,
nasceu a 3 de novembro de 1914, em Angra do Heroísmo, ilha Terceira - Açores. Foi
um dos principais nomes da pintura surrealista em Portugal. O seu dom para a
arte de pintar começa na adolescência, pintando a óleo paisagens da sua terra
natal.
Como poeta, António
Dacosta via na poesia um complemento da pintura, usufruindo das palavras como
catapultas para o processo criativo de pintar.
Chegou a colaborar em
jornais e revistas, escrevendo artigos de crítica artística. Em 1935, deixou os
Açores para estudar em Lisboa, matriculando-se no curso de Pintura na Escola
Superior de Belas Artes.
Apesar de nunca ter acabado
o curso por incompreensões várias, foi um dos primeiros mentores do surrealismo
em Portugal, expondo pela primeira vez os seus quadros em Lisboa no ano de
1940. Dois anos depois, com o quadro A
Festa, de forte influência açoriana e do culto do Espírito Santo, ganhou
o Prémio Amadeo de Souza-Cardoso. O seu
conterrâneo e escritor Vitorino Nemésio caracterizou-o como um «Pintor Europeu
das Ilhas», saindo de um meio rural pequeno rumo ao meio intelectual lisboeta
da altura, indo, depois em 1947, para Paris.
Fiquemos com alguns dos
seus trabalhos artísticos…
Ó minha terra de nevoeiros míticos
De imerecidas serras frescas
O sol que aquece os teus dias não é nulo
Nem os epistémicos deuses que te espreitam
Do alto sobre as tuas sete colinas
Ávidas estátuas tristes de serem velhas sombras
Antigas e só oníricas de vez em quando
Deixai pois ó pretas gravatas públicas da verdade
Deixai o sonho ser tão real como são
As pedras os muros as casas as amplas cidades
A morna brisa que te aquece as noites
Há-de amanhã soprar outra e outra vez
E tudo o que no redondo mundo é vivo
Será vida como agora a vejo eternamente a mesma.
António Dacosta
A Cal dos Muros
Assírio & Alvim
1994
Amor Jacente, 1940
Antítese da Calma, 1940
Cena Aberta, 1940
Três Estrelas Brancas, 1983
Tourada
A Festa, 1942