Com a
interrupção natalícia à porta, a equipa da Biblioteca não poderia deixar de desejar
a toda a comunidade escolar um Santo e Feliz Natal!
Nesta
azáfama toda que é o final de um período letivo, constata-se um ar de cansaço e
simultaneamente um sorriso diferente na cara de todos e um burburinho de quem
já faz planos nesta época natalícia. O “cheirinho” a Natal começa a invadir os
nossos corações, de modo que deixemos o Sol brilhar, as estrelas cintilarem, os
sinos tocarem e a Lua iluminar todo um caminho de Saúde, Paz, Alegria e
Esperança!!!
Visto
que é pela leitura que se emana magia, deixamos aos leitores os seguintes poemas
de dois sublimes poetas…
NATAL DAS ILHAS
Natal das Ilhas. Aonde
O prato do trigo novo,
A camélia imaculada,
O gosto no pão do povo?
Olho, já não vejo nada.
Chamo, ninguém me responde.
O prato do trigo novo,
A camélia imaculada,
O gosto no pão do povo?
Olho, já não vejo nada.
Chamo, ninguém me responde.
Natal das Ilhas. Serão
Ilhas de gente sem telha,
Jesus nascido no chão
Sobre alguma colcha velha?
Ilhas de gente sem telha,
Jesus nascido no chão
Sobre alguma colcha velha?
Burra de cigano às palhas,
Vaca com língua de pneu,
Presépio girando em calhas
Como o elétrico, tu e eu.
Vaca com língua de pneu,
Presépio girando em calhas
Como o elétrico, tu e eu.
Natal das Ilhas. Já brilha
Nas ondas do mar de inverno
O menino bem lembrado,
Que trouxe da sua ilha
O gosto do peixe eterno
Em perdão do seu passado.
Nas ondas do mar de inverno
O menino bem lembrado,
Que trouxe da sua ilha
O gosto do peixe eterno
Em perdão do seu passado.
Vitorino Nemésio
POEMA DE FERNANDO PESSOA
Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal
E o frio que ainda é pior.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal
E o frio que ainda é pior.
E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.
Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho frio e Natal não.
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho frio e Natal não.
Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se vai mais uma quadra
Sinto mais Natal nos pés.
E o Natal a quem o fez,
Pois se vai mais uma quadra
Sinto mais Natal nos pés.
Não quero ser dos ingratos
Mas, com este obscuro céu,
Puseram-me nos sapatos
Só o que a chuva me deu
Mas, com este obscuro céu,
Puseram-me nos sapatos
Só o que a chuva me deu
Fernando Pessoa (25-12-1930)